GG66pk – Localizador Mundial de PY2GW

Por Alberto João Laimgruber, PY2BBL

Fevereiro de 1981. Na abertura de “Falando de VHF”, da revista “Eletrônica Popular”, lia-se: “0 Sistema Loca­lizador Mundial”. Tocava este autor num assunto que então, para a grande maioria dos americanos do Sul e do Norte, se não era desconhecido, pelo menos era de somenos e vago interesse académico. Vislumbrava, atra- vez de um misterioso emaranhado de “quadrinhos”, uma promessa viável de pontilhar o nosso pequeno grande mundo com novos tipos de contatos, com novas modalida­des de colecionar o que seriam territórios recém-des- cobertos, com algo de novo que substituísse métodos já desgastados e repetitivos desde o advento das comuni­cações.

Via o Planeta Terra simetricamente demarcado em áreas que nos permitissem localizações exatas e imediatas, mesmo desconhecendo os locais geográficos convencionais. Prognosticava um sistema que se enqua­draria perfeitamente na então nascente eletrônica di­gital dos computadores, para medição de distâncias e comando de antenas. Pois em 1985 materializava-se a imaginação. Mais uma vez o radioamadorismo dava aos meios de comunicação uma prova de sua criatividade e u’a mostra de que ainda não é chegada a hora de fleugmático aconchego numa poltrona, sô para um nostálgico contar de reluzentes botões, como favas de feitos passados.

Mal voltava-se ao ar, após removidos os escombros da última conflagração mundial, lá pelos inícios dos anos 50, a Europa começava a fervilhar com sinais de VHF. A passos largos aperfeiçoavam-se equipamentos, fossem eles recuperados de outras bandas ou feitos em casa, mas o fato é que as antenas cresciam juntamente com a eficiência dos receptores e pré-amplificadores paramé­tricos e, com isto, as distâncias encolhiam. Um pais, outro e mais outro e… acabavam-se os países a contar na pequena Europa. Foi quando os nossos colegas da Áustria (só poderiam ser eles, com todas aquelas mon­tanhas para DX em VHF!) deram tratos à bola e,em 1959, surgiram com o que apresentaram em reunião da Interna­tional Amateur Radio Union (IARU), Região 1, como sen­do o seu “QRA Kenner”, um sistema que criava um montão de “novos países para contar”, um engendrado genial de demarcar a Europa, a África e o Oriente Próximo com grandes quadros, subdivididos em menores, acompanhando meridianos e paralelos de um mapa comum.

Deram a cada quadro uma designação de letras e números e o “QRA Locator” (ultimamente também conhecido como “QTH Locator”) imediatamente espalhou-se pelo velho mundo como um rastilho de pólvora recém-inventada.

Austríacos, ingleses, alemães, italianos, espanhóis, franceses, enfim, todas as nações européias começaram uma louca corrida colecionadora de “quadros” e, quando pouco antes se digladiavam, agora comunicavam-se. As fron­teiras não eram mais as de países, eram as de novos quadros.

Uma curiosidade: O “QRA Kenner” dos austría­cos recebera o nome do costume da marinha mercante de então, que com o codigo QRA indagava: “Qual o nome do seu navio, de sua estação?”, ou “Em que navio está a sua estação?”. A resposta era o nome que se registrava (kennen=conhecer) junto à posição geográfica (QTH).

Ainda hoje, seja por saudosismo, tradição ou vício, às vezes ressôa um pedido de “QRA-Kenner”. Assim foi, até que nos fins da década de 70, em vários lugares do mundo, quase que simultaneamente, nas Re­giões 2 e 3 da IARU (Américas e Ásia), fizeram-se sen­tir movimentos de interesse em prol de um sistema localizador de âmbito mundial, similar ao austríaco, já longamente comprovado na Região 1. Uma das razões da citada publicação em “Eletrônica Popular” foi exata- mente esta.

Em 1980 reunia-se, num lugarejo chamado Maidenhead, próximo a Londres, um plenário de líderes do VHF europeu, que discutiu e acabou aprovando um novo sistema, baseado no “QRA Locator”, que pudesse servir não só à Europa, mas ao mundo como um todo. Batisado originalmente “Maidenhead Locator System” (Sis­tema Localizador Maidenhead), em outubro de 1980 foi submetido à Conferência da Região 2 da IARU, em Lima, Peru, onde, estranhamente, se decidiu postergar a sua aprovação para as Américas.

Foi reapresentado para discussão em Brasília, durante reunião do Comité Executivo da Região 2 (junho de 1982) e finalmente o Sistema Localizador foi definitivamente aprovado pe­la Conferência Trienal da IARU, realizada em junho de 1983, em Cali, Colômbia. 0 “Maidenhead”, agora rebatisado “World Locator System” (ou simplesmente “World Locator”, Localizador Mundial), estava aprovado agora em âmbito mundial, pois ainda antes, a Região 3 da IARU, durante a Conferência de Manila, Filipinas, em abril de 1982, já havia decidido por sua adoção.

Mesmo antes do beneplácito de Cali, os norte-americanos já lançavam (janeiro de 1983) o seu VUCC (VHF/UHF Century Club), nos moldes do DXCC, empregando só parcialmente o Localizador Mundial (Quadros, 4 caracteres). Por concerto entre todas as nações da IARU, o Localizador Mundial passou a vigorar efetivamente a 1 de janeiro de 1985.

No entanto, a América Latina silenciava no uso do Lo­calizador. Correspondência de CX8BE, Jorge de Castro, então Secretário da Comissão Diretora do Radio Club Uruguayo e lider do VHF naquele país, citando necessi­dade de subsídios para apresentação durante próximo encontro da IARU Região 2 em Buenos Aires, Argentina, motivou este autor a uma série de trabalhos sôbre o assunto, todos publicados na revista “Antenna-Eletrônica Popular”, que viriam formar a essência da obra presente.

Extraído do Manual do Localizador, pgs. 5-7.

Saiba mais em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Localizador_mundial

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