Aprovado no Exame de Radioamador da ANATEL

TUDO BEM, VOCÊ FOI APROVADO NOS EXAMES!… E AGORA?

Prof. J. LAHOR, PY2CLK/ PY4 CLK

O que você sempre quis saber sobre o Radioamadorismo, mas tinha vergonha de perguntar.

Todos os Radioamadores habilitados enfrentaram alguma dificuldade para se prefixarem. Você nem se importa ao recordar as dificuldades e desafios superados. O que importa agora, é que você foi aprovado e possui um COER (Certificado de Operador de Estação de Radioamador) via ANATEL. Ele é um importante “passaporte” para uma incrível jornada, que pode durar toda uma existência e poderá influenciar em sua vida, de uma forma muito especial.

A menos que você traga alguns bons conhecimentos em eletrônica e eletricidade, tudo o que você aprendeu mediante grandes esforços em sua vida toda, teve que batalhar bastante para conseguir um “lugar ao sol” entre seus colegas. Se isto lhe parece algo importante, lembre-se que os Radioamadores representam uma pequena porcentagem perante a população. Mesmo assim, pertencemos a uma camada muito especial da população mundial, incluindo astronautas, cientistas, músicos, atores, pilotos, engenheiros, professores, médicos, mecânicos etc. Portanto, cá estamos nós, no início de grandes emoções. Agora você poderá ostentar, orgulhosamente, em algum lugar na parede de seu “shack”, o tão almejado  Certificado.

E AGORA, O QUE VEM DEPOIS

Agora, já como Radioamador recentemente licenciado, você terá que tomar uma série de decisões. Decisões estas que você vinha pretendendo que se tornassem realidade desde a muito, antes mesmo de estudar a Lei de Ohm. Caso você tenha estudado na sede da LABRE, você já superou diversas etapas, rumo ao seu desiderato. Certamente recebeu a ajuda de mais de um colega, ou até algum equipamento emprestado, o qual lhe facilitará a sua entrada no ar. Na hipótese de que você precise de ajuda para montar sua estação, desde a construção da antena, até o cabo de aterramento, quanto à montagem e disposição, uma simples chamada para um colega, certamente você será auxiliado e assessorado, por mais de um colega.

Muito bem. E aí, você estudou sozinho ou conseguiu as apostilas com algum colega pronto para colaborar consigo, ou foi via Internet? Depois, sobrevirá uma sensação de solidão, e, quem você irá chamar? Para aqueles que residem nos grandes centros, afirmo que uma visita à LABRE, ou ao seu clube, seria ótimo. Caso contrário,  a quem você irá apelar? Mais uma vez, volto a enfatizar que você deve afiliar-se a um clube, ou a uma comunidade de Radioamadores, ali você terá mais recursos.

Neste meio tempo, aí vão alguns conselhos a um recente prefixado. Penso que este artigo talvez devesse chamar-se: “O que você sempre quis saber sobre o Radioamadorismo, mas tinha vergonha de perguntar”.

A VIDA É REPLETA DE QUESTIONAMENTOS

Em meu caso, especificamente, venho dos tempos do rádio da pedra galena. Aprendi com meu pai a construir rádios de galena em antigas caixas de madeira de charutos da Bahia. Só que os rádios que ele fazia naquela época, não contavam com um capacitor variável. Eu o acrescentei O resultado foi espetacular. A partir daí, as coisas foram tomando um outros rumos. Nessa época, eu residia no centro da cidade de SP, atrás da Catedral da Sé, na Rua da Glória. E, nessa mesma rua, havia o Instituto Teórico e Prático de Rádio e Televisão, foi onde conheci o Prof. Juvenal Lino de Campos PY2ATB. Depois veio o famosíssimo Instituto Monitor, onde meus conhecimentos foram se ampliando. Em seguida, vem a Occidental Schools, onde aperfeiçoei meus conhecimentos e experiências, onde e quando, montei um Televisor. Paralelamente a isto tudo, sempre frequentando a sede da LABRE-SP e travando conhecimento com diversos colegas em diversos clubes de Radioamadores que iam se formando, naqueles dias. A LABRE nada mais era senão uma salinha modesta, no primeiro andar dos Correios e Telégrafos, localizada no início da Av. São João, em um belíssimo prédio construído com uma arquitetura, que hoje em dia, não se vê mais. Ali, em 1956, tive minhas primeiras aulas de CW com o general Arsonval Nunes Muniz PY2AN (se não me engano). Não precisei perguntar nada a ninguém, pois, sempre tive grande facilidade em aprender tudo aquilo que me interessa, e o Radioamadorismo sempre destacou-se em primeiro lugar em minha vida. Só não pude ingressar na Maçonaria até hoje, por não ter tido o aval de minha esposa, D. Nina. Mas, a vida constitui-se em um eterno aprender. Seja na área do rádio, como em todas as demais áreas. Em outras palavras, quero dizer que enquanto existirmos, continuaremos aprendendo. Dito isto, ainda pesquiso sobre os mais diversos assuntos, pois o saber não ocupa lugar, não é mesmo?

COMO MONTAR SEU SHACK

Comecemos com coisas que você deve possuir em sua estação de rádio. Antes de por a mão no bolso, seria de todo interessante que você fizesse algumas pesquisas nas lojas do ramo. Dentro daquilo que a lei lhe permite, decida em quais das bandas deseja operar. As “bandas baixas” (também chamadas “HF”), ou as “bandas altas” (altas frequências), repletas de atividades, incluindo concursos nacionais e internacionais, congressos, com possibilidades de obtenção de Diplomas e/ou Certificados, além de prêmios, vez ou outra com a “santa propagação”, porém exigem enormes antenas para que a sua transmissão seja realmente efetiva.  Assim que você sobe a frequência, as distâncias  percorridas se encurtam. No entanto, hoje em dia, boas antenas também podem ser em menores. Recentemente elaborei uma antena vertical bobinada e, pasmem, de dentro de meu shack, no primeiro andar do prédio onde resido, falei com a Europa e a África. Hoje em dia, você pode escolher diversos tipos, formatos, tamanhos, aspectos de antenas. Uma delas será a que melhor se adapta às suas necessidades. No entanto, pense bem na escolha da antena, pois ela irá lhe proporcionar o prazer exato, com a qual, sua estação se adapta.

DO QUE  EFETIVAMENTE VOCÊ PRECISA

Você precisa de um local adequado para instalar sua estação de Rádio. Você pode operar sua estação, de qualquer lugar onde instalar seu equipamento, desde que consiga energia elétrica e o cabo coaxial para alimentar a antena até seu aparelho. Desta forma, você poderá operar sua estação de qualquer lugar, onde estiver. Entretanto, caso disponha de um cômodo exclusivo, só para a estação, tanto melhor. Certa ocasião, fui morar em um edifício bem alto e instalei minha estação dentro de um armário embutido. Ao analisar a planta construtiva do edifício, concluí que havia um duto para o lixo, porém,  já desativado e ele passava bem atrás de meu armário. Ora, aí estava minha solução e sem alterar o aspecto visual externo do prédio. Resultado; funcionou que foi uma beleza! Mais difícil do que localizar o local exato, por onde passava o tal duto, foi furá-lo. Era um cimento-amianto!

Recordo-me que nos idos tempos de PX, em minhas atividades de vendedor de terminais elétricos especiais, percorria diversas ruas e avenidas do centro e dos bairros em SP. Fatos como por exemplo, um caminhoneiro que tentou passar por baixo da ponte da Freguesia do Ó, ficou encravado embaixo dela; um princípio de incêndio na rua Vitória; um atropelamento seguido de colisão, tudo isto eu reportava instantaneamente ao Ary, o qual estava no alto da Av. Paulista, na sede da Rádio Jovem Pan, e dos estúdios levava ao ar, em seguida. Transmissões todas em VHF, diretamente de meu veículo. Nessa época, a Secretaria de Segurança Pública de SP, mantinha um cadastro com senha de alguns Radioamadores e mediante tais medidas, gozavam de credibilidade perante as autoridades. Recordo-me que, certa ocasião corujando, ouvi a notícia de que havia sido roubada a motocicleta de um diretor da Editora Abril e ele passou a sua placa. Qual não foi minha surpresa, que a tal moto havia acabado de me ultrapassar. Estávamos atravessando um viaduto sobre o rio Tietê, com alça de acesso para a saída da capital. As informações valeram. O meliante foi preso e a moto restituída ao seu legítimo proprietário. Mas, voltando ao que um Radioamador necessita, citamos a torre, o rotor de antena, a antena propriamente dita, caso a torre seja estaiada – os estais, um bom aterramento, cabos coaxiais, uma escrivaninha de preferência com três gavetas de cada lado, com um vidro no seu tampo para proteção, prateleiras, amplificador linear, computador com modem, filtros passa baixa e passa alta, além de um gravador. Não pense que isto é tudo. Falta ainda muita coisa. No entanto, se você olhar para uma estação e outra, basicamente, não haverá muita discrepância entre elas, ou seja: “Um rádio, sobre uma mesa.” Lógico que sempre encontraremos grandes rádios em enormes mesas. Tenho um amigo que sua mesa foi ele quem a fez, toda em aço e com iluminação muito moderna, em diodos led. Ficou perfeita. E ele ainda não é PY4… Ao adquirir uma escrivaninha, dê preferência a uma com bastante gavetas, pois você precisará de muito espaço para guardar livros, revistas, QSL´s, peças, componentes, certificados, vídeos etc. Monte tudo de tal forma, que se um dia precisar se mudar, possa desmontar com facilidade e praticidade. Geralmente, nessas lojas de móveis usados, encontram-se móveis usados porém em bom estado e a preços convidativos. Outro detalhe importante reside na escolha da cadeira, a qual deverá preferencialmente ser rotatória e com altura ajustável. Ela deverá ser confortável e ergonômica. A minha, foi presente de minha filha.

SEU PRIMEIRO EQUIPAMENTO DE RÁDIO

Agora vem a parte interessante – a escolha de seu equipamento. Há muitos anos atrás, montei meu primeiro transmissor, composto de uma válvula  89Y, oscilando com uma válvula 6L6 metálica. Certa ocasião tomei um choque, o qual me jogou longe. O tempo passou e não satisfeito, montei outro transmissor em três chassis de rádio emendados um no outro. O VFO, era separado e o receptor superheterodino (que eu também havia montado). Só que o grande problema era na hora de passar os câmbios. Eu tinha que acionar, quase que ao mesmo tempo, quatro interruptores! Esse eram duas 807 por outras  duas 807. Às vezes o colega já havia passado uma informação importante e eu não sabia o que ele tinha reportado. Que tristeza!

Mas eu já ia me esquecendo do CW. Lógico, é por aí que todos devemos começar, pelo menos, ainda. Meu saudoso Professor de Rádio Técnica e Rádio Eletricidade, foi o Prof. Juvenal Lino de Campos PY2ATB e o de CW, foi o general Arsonval Nunes Muniz (não me recordo seu indicativo), naquela saudosa mesa enorme e pesadíssima, que estava no 11º andar do Largo de São Francisco, 34, primeira sede da LABRE-SP.  O importante é você estudar, se preparar, prestar exames e ser logo prefixado para adquirir seu primeiro equipamento. Bonito ou não, montado por você ou comprado, mas aí você poderá dizer “esse é meu”. Daí em diante, as coisas fluirão naturalmente. Permita-me dar-lhe um conselho: nunca opere sem ter seu indicativo pessoal, intransferível e, (se você não transgredir normas ou regulamentos) será vitalício. Lembre-se “Natura saltus non facit” a natureza não dá saltos. Isto significa que, até no Radioamadorismo, temos que galgar os degraus, lenta e pacientemente. Existem as classes C, B e A, além das categorias e das modalidades. Estamos sujeitos às leis, decretos, regulamentos, portarias, normas que regulamentam  e normatizam nosso hobby científico.

TODAS AS FAIXAS E TODOS OS MODOS

À medida em que as frequências vão subindo (HF, VHF, UHF, SHF, EHF) a extensão das antenas vai diminuindo. Pouquíssimos são os Radioamadores brasileiros que utilizam a faixa dos 70cm e também satélites. Na hipótese de que você pretenda pertencer a essa elite, saiba que existem aparelhos muito mais caros e muito mais sofisticados e precisos. São os chamados “all band, all-mode”. Porém, deve-se levar em consideração que existem aparelhos deste tipo, usados porém, em bom estado de conservação e funcionamento, ainda a bons preços. Certamente, com um tipo de equipo mais potente, você terá reunirá condições para comunicar-se cada vez mais distante e com certo conforto.

ANTENAS

De nada valerá possuir um excelente equipamento, potente e tudo o mais, se não tiver uma antena “bem casada”, de tal forma que ela possa colocar “no ar” toda essa potência. Cabe aqui uma sugestão aos colegas que buscam uma antena eficiente, simples e barata. A mais comum das antenas (pelo menos aqui no Brasil e nos países mais pobres), é a famosíssima meio comprimento de onda para os 40m. Ela é horizontal, unifilar, alimentada no centro com cabo coaxial, geralmente com 50 ou 72 ohm. Grande parte de minha vida radioamadorística, usei-a com sucesso. Falei com o mundo todo, com apenas 100 wats de potência. Quem tiver condições (espaço), também pode instalar uma chamada “V-invertido”. Como já disse, estes tipos de antenas são simples e muito fáceis de serem construídas e instaladas. Para as frequências de VHF e para as bandas altas, você terá que construir uma antena vertical, do tipo “Slim-Ding”. Outro detalhe muito interessante, que chega a deixar algumas pessoas perplexas, é este: como pode um Radioamador, de dentro de seu veículo, conversar com uma pessoa, por exemplo em S. Francisco, Califórnia, USA? Isto só é possível mediante uma outra estação, muito bem localizada, geralmente no alto dos morros, conhecida como repetidora. Hoje em dia, existem várias repetidoras nas grandes cidades, mantidas por cidadãos beneméritos, lógico que cada uma delas operando em frequências específicas, documentadas, organizadas e fiscalizadas pela ANATEL. Ocorreu-me agora, lembrar aos colegas que operam em VHF, a não menos famosa antena “pé-de-galinha”. Tecnicamente conhecida como “Ground-Plane”, ou seja, plano terra. Ela é conhecida por este nome, por ter a aparência de um pé de galinha. Ao finalizar, eu gostaria de aconselhar aos que realmente se interessarem pelo assunto, que se unam a outros colegas com maior experiência e vivência nesta área, repleta de bons e agradáveis momentos de lazer.

Será um grande prazer e enorme satisfação, poder um dia no futuro, encontrá-lo e enviar-lhe um forte 73 e sempre QRV!

Prof. José Lahor Filho/ PY2CLK e PY4CLK

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Texto copilado por Miro de Paula/PY2GW

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