O GUCRA nasceu por exigência de aficionados do VHF do interior do Estado de Santa Catarina, que se sentiam, em parte, prejudicados porque seus colegas de Florianópolis utilizavam uma entidade de âmbito estadual – a LABRE – para explorar o serviço de VHF na Capital. No interior do Estado, principalmente na região litorânea, repetidoras de VHF, mantidas por clubes locais, faziam a cobertura de praticamente toda a BR 101.
Partindo de Joinville, passando por Itajaí, uma repetidora, mantida pelo Clube de Radioamadores de Brusque, graças à total dedicação de PP5AQM, Maurici, e instalada no Morro do Brilhante, fazia cobertura da maior parte do trajeto entre Joinville e Florianópolis. Era a melhor instalada, a mais constante e concorrida de todas as repetidoras instaladas à época no Estado de Santa Catarina. Em Florianópolis, um grupo de associados da LABRE mantinha, também a duras penas, uma repetidora no Morro da Cruz. Mais para o Sul havia a repetidora de Laguna (chegou a funcionar) e, por algum tempo, uma outra em Tubarão e, uma última, na cidade de Criciúma. Diversas experiências foram feitas em alguns pontos considerados ideais para instalação de repetidora. Como estes pontos estavam ainda sem infra-estrutura, principalmente eletricidade, os custos eram por demais elevados, inviabilizando qualquer projeto.
Seguindo para o interior, a repetidora do Morro do Cachorro, em Blumenau, também se destacava na cobertura daquela região. Inúmeras incursões foram feitas ao Morro do Funil, na região de Rio do Sul, assim como ao Morro Azul, na região de Timbó/Pomerode.
Na região serrana, além de outras, se tentou manter no ar repetidoras no Morro de Urupema, em Lages; e também em Chapecó. Por alguns curtos espaços de tempo chegou-se a operar através de links entre diversas repetidoras do litoral com a região serrana.
As dificuldades na manutenção eram muitas, tendo em vista o caráter meramente amadorístico dos empreendimentos, aliado às dificuldades técnicas para instalação e manutenção do sistema no ar. Eram sempre as mesmas pessoas que se dedicavam, porém a dificuldade financeira sempre vencia a ânsia de ver no ar uma nova alternativa.
Em 13 de julho de 1981, após diversas reuniões de estudo e elaboração, foi aprovado o Estatuto do Grupo União Catarinense de Radioamadores.
O grupo era, em sua maioria, constituído por profissionais ligados a emissoras de rádio e TV e de telefonia. Graças a isto, os problemas técnicos eram facilmente sanados, pois um ou outro tinha habilidade para tal ou conhecia quem a tivesse. Muitos outros eram antigos e experientes radioamadores, com larga experiência em eletrônica e sistemas irradiantes. Aliados a estes, havia uma parcela de interessados tão somente no radioamadorismo.
Nestas alturas já funcionava, em Florianópolis, uma repetidora de VHF, instalada no Morro da Cruz, ora em um local, ora em outro, sempre dependendo de favores de alguém que cedesse espaço em um dos abrigos disponíveis no alto do Morro.
Para evitar essas mudanças, pensou-se em adquirir, lá mesmo, uma pequena área de terras para que o Grupo tivesse um local próprio para instalar sua repetidora. Na busca, descobriu-se que o topo do Morro da Cruz era terra de ninguém. Existia um documento precário que dava direito daquele solo ao atual grupo RBS. Após alguns contatos, conseguiu-se da TV Coligadas, antecessora da RBS, uma autorização de uso de 16 m² para construção de um abrigo para a repetidora. Esta autorização foi comunicada, para alegria do grupo, na reunião do dia 06 de maio de 1985.
Tínhamos, então, o terreno; era só construir a guarita. Um conseguiu tijolos, outro cimento e areia, outro uma porta de ferro e assim se arrecadou todo o material necessário para a construção. Em um sábado de manhã lá estava o grupo, auxiliado por um pedreiro contratado, construindo o abrigo. O problema maior foi o transporte do material. Ao final do dia, cansados, mas felizes, viram seu intento realizado. Agora havia um local fixo e adequado para instalar a tão almejada repetidora de VHF para Florianópolis (148.880 -600).
Destaque-se a grande admiração e interesse de todos pelo sistema de telefonia móvel conhecido como “auto-patch” que funcionou, principalmente em Florianópolis, por um bom período, mas provocou muita dor de cabeça. Além de não existir uma legislação específica, o problema maior era, “pra variar”, o QSJ para pagar os impulsos gastos nas ligações. Outro grave problema era a falta de como controlar seu uso. Diversas opções foram postas em prática: uso de sub-tom, código de acesso específico para o uso do telefone, que era fornecido somente para os que estavam em dia com a tesouraria, entre outros.
Pareceu castigo. Assim que se constituiu oficialmente o grupo, um documento expedido pelo DENTEL lacrou todas as repetidoras do Estado de Santa Catarina., permanecendo desse modo por cerca de um mês, até que, finalmente, foi autorizado seu funcionamento, mas sem o uso de auto-patch.
Experiências com instalação de repetidoras foram feitas nas mais variadas cidades do Estado. Em cada morro de destaque para a região, pode-se dizer que algum aventureiro lá esteve testando o alcance de uma repetidora de VHF.
Em 03 de março de 1986 foi procedida a 1ª alteração do estatuto social do GUCRA, visando corrigir algumas distorções e adequá-lo à legislação vigente.
Consta da ata desta alteração, o rol dos Sócios Fundadores do GUCRA: